Powered By Blogger

domingo, 30 de outubro de 2016

Marisa Monte e um vilarejo de emoções!!!!




Eu já assisti a uns 5 shows da Marisa Monte, mas nenhum superou o que eu vi hoje no palco do centro Sul em Florianópolis.
Não havia cenário grandioso, nem projeções, nem troca de figurinos.
Curiosamente, foi o show "mais simples" dela, mas o melhor, sem sombra de dúvidas. O motivo? Marisa está cantando como nunca e acompanhada por uma banda monstra com 4 músicos que se completam em suas genialidades.
Prá coroar tudo isso um repertório lindo passando por várias fases da cantora sem esquecer de músicas ícones dos Tribalistas.
Que presente que essa mulher está dando ao seu público!!!



Sobre a Marisa!
No show "Mais" isso lá no começo da carreira da Marisa (ela já havia despontado no mercado), eu tive a honra de entrevistá-la pela primeira vez. Isso faz muito tempo, eu era repórter do JA ainda. E lembro que na época o que me encantou nela foi a devoção dela à música. Ela estava à serviço da música que cantava. Escolhia cada uma que faria parte dos seus CDs com um cuidado encantador. E cada música tinha um motivo. Me falou que só cantava onde havia espaço para o cenário do show e onde houvesse qualidade acústica. Na época, ela ainda cabia no teatro do CIC, em duas noites, mas cabia. E realmente, mais tarde, quando saiu o CD do show vi que o cenário era exatamente aquele que estava no CIC.
Anos mais tarde a entrevistei de novo. Desta vez ela estava em Floripa para mostrar "Barulhinho Bom". Cenário mais simples, mas a mesma devoção pela música. E aí, ela como uma mega estrela da nossa música, me chamou atenção pela disponibilidade. Ela chegava um dia antes na cidade para atender à imprensa, nos dias de show ela fala pouco. E não atendia com pressa... conversava com calma e mesmo depois de encerrar a gravação conversamos um outro tanto e lá estava ela novamente à serviço da música, falava apaixonada sobre os detalhes da música, do preparo cênico, de cada detalhe do show pensado por ela. Nada está ali, em cena, por acaso.
Hoje vejo que ela continua exatamente assim: inteira no palco. Sentindo o que canta e cantando muito.
Marisa Monte respira e vive sua arte e faz dela um "detalhe" tão maior que a própria Marisa fica pequena: nunca ouvimos falar da vida particular dela, nunca vimos ela sendo notícia em badalações. Simplesmente porque ELA não é o mais importante. ELA é um instrumento para essa musicalidade toda alcançar os corações de milhares de pessoas.
Prá mim, a artista mais completa que temos. Ela participa de toda a criação que envolve seu show e sente cada acorde de cada arranjo feito para suas músicas.
E que dádiva!!!


Sobre o show!
Marisa conseguiu reunir um repertório de acelerar o coração, encher os olhos de lágrimas, balançar o corpo que ficou com vontade de sair dançando por aquele Centro Sul. Foi  um balaio de emoções.
Cada música que começava eu e a minha amiga Débora nos olhávamos "minha nossa"..."avemaria"..."não acredito"... cada soco no estômago que vou te contar rsrsrs
Ela abriu com Infinito Particular, como se estivesse dando as boas vindas ao público que estava entrando em seu universo particular.

(...) Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte (...)


E aí seguiu com uma lista de músicas de doer a alma, claro que não lembro da ordem, mas teve: Maria de Verdade, Dança da Solidão, Depois, Alta Noite, Beija Eu, Segue o Seco, Carnavália, Balança Pema, Amor I love You, A menina Dança, Eu Sei, Gentileza, A Sua, A Velha Infância, Ilusão (que ela gravou com Julieta Venegas), Vilarejo e com certeza esqueci alguma.

E aí quando ela cantava "A Menina Dança" eu fiquei pensando: como é mágica a música. Essa música foi lançada pelo grupo Novos Baianos, na voz de Baby Consuelo. Dadi, o baixista que estava no palco, fazia parte dos Novos Baianos e Pedro Baby, guitarrista que também estava no palco, é filho de Baby com Pepeu Gomes e nasceu naquela época em que os pais viviam em uma comunidade, digamos, "hippie" (os Novos baianos moravam juntos em um sítio). Hoje estão os dois ali, tocando juntos, com uma cantora que foi buscar no baú as canções dos Novos Baianos no trabalho Barulhinho Bom. ( aliás Novos baianos voltaram e estão em turnê pelo Brasil, tomara que venham para Floripa).

É um passeio pelo tempo, uma reunião de gerações que só a música boa consegue fazer.
Além de Dadi  e Pedro Baby, estão com ela no palco, Marcelo Costa na bateria e Pretinho da Serrinha na percussão, bandolim.


Bom, o show acabou com o público de pé. Quando Marisa voltou para o bis, ninguém mais sentou. Marisa encerrou dando início a Bem que se Quis, à capela e deixou o público cantando, como ela sempre faz.
Ficou a vontade de ver tudo de novo... saímos de lá com o coração em paz e com aquele banho na alma.

Marisa disse que esse show não tem grandes cenários, projeções, porque é um show entre um trabalho e outro. Ela encerrou o contrato com a gravadora e agora deve lançar suas novas músicas em plataformas digitais. Talvez singles. Enfim, pode fazer do jeito que achar melhor porque sempre vem coisa boa!
E aí ela fala que é um "show de férias"...olha Marisa, podes tirar mais vezes férias assim, viu? A gente vai amar fazer parte desse roteiro de descanso rsrsrsrsrs

Quero aqui parabenizar e agradecer muito a Eveline Orth e toda a sua equipe que nunca deixam de trabalhar por nossa cultura e pra trazer cultura para nosso Estado. MUITOOOOO OBRIGADAAAAA.


Obs: minhas fotos de celular não prestaram, coloquei aqui só para registro. Mas vai rolar foto profissional no face da Luiza Filippo...aconselho a dar uma conferida.

Um comentário:

Gilberto Motta disse...

Bom dia, querida Lígia:
Gratíssimo pelo texto sensível, emocionado e saboroso. Marisa é cada vez mais diva em estado infinito de transformações e ebulições de puro talento e amor. Estou há alguns anos fora de Floripa (e de SC),mas sempre com os olhinho, coração e alma aí com todos vocês. Ler o teu texto foi uma ponte para momentos únicos da grande noite vivida no Centro Sul. Beijão e forte abraço. (Gilberto Motta, de São Paulo).