Powered By Blogger

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

MAITÊ PROENÇA E "O PIOR DE MIM"

 

Entrega!

Essa é a palavra que define a peça "O Pior de Mim" de autoria de Maitê Proença com direção de Rodrigo Portella.

O monólogo traz para o público a história de vida da atriz. Seus lados não tão bonitos, porém, que formaram a mulher que ela é hoje. 

Eu fui a peça sem ler nada antes e por momentos pensei: mas, essa é a história dela? Sim, é!!! E contada em forma de uma deliciosa conversa com o público. Me senti ouvindo uma amiga e me identificando com vários dilemas, traumas, questões. É reveladora!


No palco poucos móveis, uma bacia com água, uma cortina branca transparente e uma câmera  que a acompanha o tempo todo projetando a imagem na cortina. Um efeito que, por vezes, passa a exata noção da confusão mental e física passada por ela em momentos difíceis de uma vida cheia de acidentes, incidentes e de uma família complicada.


A verdade da peça atinge em cheio o público atento graças a uma cumplicidade que Maitê conquista quando entra no palco, se alonga, conversa com o público antes de entrar no texto da peça.

Em algumas entrevistas, em que Maitê já falou sobre a peça, ela fala que escreveu sem se preocupar com a forma, com os enlaces. Simplesmente colocou pra fora uma vida inteira de forma direta.

E por que ela conquista o público? Porque todos nós temos nossos monstros, nossos acidentes e incidentes e muitas vezes passamos batido. A coragem de olhar para o nosso lado pior vem com o tempo, sem dúvidas, e eu duvido que tenha tido uma só pessoa que tenha passado ilesa nessa peça. Ela fala de uma mulher que, assim como muitas de nós, não se permitia sofrer, que fazia de tudo para ser aceita e que, em muitos momentos, não foi acolhida na família. Carências que reverberaram na vida adulta. Para vencer os traumas ela passou por drogas, amores, terapias, experiências na Índia. 



Conseguiu olhar pra ela e, finalmente, enfrentar seus dilemas olhando para eles e buscando a cura. Ninguém está 100% curado nesta vida, mas a cura aqui vem com a coragem de olhar, compreender (o que pra ela é se colocar no lugar o outro) e perdoar. Está aí o único caminho da cura: perdoar e se perdoar.

Maitê, a certa altura fala que aprendeu muito mais dos 40 aos 60 do que dos 15 aos 40. E a razão é muito simples: quando somos jovens, simplesmente vivemos. Se há algo que nos machuca a gente bloqueia ou se defende sem pensar no que estamos fazendo com a gente mesmo. Não analisamos o por quê de nossas reações, tristezas ou alegrias. Muitas vezes "engolimos o choro" e com isso engolimos também a grande oportunidade de crescimento de alma. Nos comportamos orgulhosamente com um ego que só nos atrapalha. Ahhh o EGO.

Eu tive uma semana cheia e hoje estou, realmente, cansada porém, o convite da Orth produções me ganhou pelo título da peça. pensei: acho que preciso ouvir o que Maitê tem a me dizer. Ganhei a semana e mega recomendo!

A peça fica até domingo em cartaz no TAC. Uma baita oportunidade! 

Obrigada Maitê por lançar luz à importância de a gente não passar batido pelas coisas que nos acontecem, por piores que sejam ou por melhores que sejam, elas sempre chegam para nos ensinar e nos libertar!