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sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

2016!!!!






O que falar de 2016, hein?

Lembro que em 2014 eu escrevi um post e coloquei o título, "2014: eu sobrevivi."

Pois bem, esse título caberia bem prá 2016.

Tanta coisa aconteceu... um ano difícil, como sempre é difícil amadurecer. E acho que 2016 trouxe muitas oportunidades para que a gente pudesse amadurecer.


Recebemos as olimpíadas e vimos que somos capazes de fazer bonito em organização e competência. Vimos que o verdadeiro espírito olímpico faz a diferença e que os atletas paralímpicos são os mais fodas de todos. Deveriam receber a mesma valorização dos atletas olímpicos tidos como "normais".


Vimos a maior crise econômica e política em nosso País. 

Votação do impeachment, uma vergonha alheia.
O próprio impeachment, um desrespeito à democracia. Não sou PT, (aliás, não tenho partido) não concordo com o que Lula em cia fizeram com o País, mas defendo a democracia. Tinham que sair pelo voto. E é aí o maior aprendizado do ano: tivemos a certeza que ainda não sabemos votar quando reelegemos muitos políticos corruptos. 

Vimos muito ódio em redes sociais e em manifestações. Vivenciamos muitas tragédias...perdemos referências culturais e nós, os catarinenses, perdemos colegas e ídolos em um acidente aéreo difícil de engolir.


Mas aí, onde está o aprendizado?

Eu digo que está em olhar prá tudo isso e ver que só a gente pode mudar o curso da história. Não adianta só ver o defeito no outro, a possibilidade de mudança no outro...aí meu caro, nada vai mudar mesmo.
Se cada um de nós fôssemos justos, honestos, não haveria corrupção por que não haveria a quem corromper.
Não dá pra ir para uma manifestação exigir justiça, fim da corrupção se você fura fila, não dá a vez no trânsito, sempre tenta "dar um jeitinho" para conseguir alguma vantagem. 
A mudança começa por nós. E esse foi o maior recado de 2016.

Para minha vida, 2016 foi um bom ano.

Me dediquei a fazer o que gosto e com quem eu gosto. Fiz novos amigos, descobri que estou na fase bem mais diurna que noturna e me entendi muito mais.
Vivi um dos momentos mais difíceis na minha profissão com a cobertura do acidente envolvendo os jogadores do time amado da Chapecoense e nossos colegas de profissão e com isso levei como lição aproveitar ainda mais meus dias, meus amigos, meus amores, minhas paixões.  Me deu uma vontade imensa de ser melhor para mim mesma e aí está uma meta que já estou seguindo: respirar mais, pensar mais, ouvir mais. E falando em profissão, amadureci profissionalmente, passei a ter um olhar mais realista mesmo sendo apaixonada pelo que faço.

2017 está chegando como alívio para muitos, mas eu digo que será outro ano forte, só que para quem prestou atenção em 2016 e aprendeu, com certeza, será um ano melhor sim.

Eu, particularmente, adoro anos ímpares então começo o ano com uma dose a mais de carinho por ele e aí já é meio caminho andado.

Feliz ano novo turminha! 

Que possamos ser mais sinceros com a gente mesmo, mais fiéis a nós mesmos e que possamos dar o devido valor a dádiva que é "estar vivo"!!!
Bora ser feliz porque ninguém está aqui para sofrer!!!!







sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

O legado de uma tragédia



Desde a madrugada daquela terça feira, 29 de novembro, eu já escrevi vários textos sobre a tragédia que matou jogadores, amigos da Chapecoense e jornalistas.
Não publiquei nada... mas hoje resolvi fazer um post para agradecer a meus colegas (os que eu conhecia e os que não) pelo aprendizado e pelo legado dessa que foi a cobertura jornalística mais triste e mais difícil da minha história de 31 anos de jornalismo. 
É impossível traduzir em palavras o que foi trabalhar naquela semana. E eu nem ousaria tentar. E nem preciso, basta lembrar que em nenhuma outra cobertura vimos tantos repórteres emocionados ao vivo, muitos chorando sem parar, outros com vozes embargadas. Nunca tinha visto isso, com tanta intensidade, antes. E que bom que foi assim, somos humanos!!
Nos bastidores a gente chorava junto e acho que até muito mais ... era sempre um olhar vago...

Eu acordei naquela madrugada com 85 mensagens no Whats, não era normal. Abri e a primeira mensagem que vejo foi: "Avião da Chape caiu". Comecei a rolar aquelas mensagens e eu só falava: não, não...não é verdade. Lembraram que nossa equipe estava no vôo e aí eu desmontei. Me arrumei correndo e fui pra TV. E lá eu vi uma redação em choque, tentando apurar mais informações e com a esperança de muitos sobreviventes. Poxa, a gente estava em  festa com a Chape, vibrando com eles e aí acontece isso?
Colegas de todos os jornais e horários subiram... todos num mutirão voluntário sem acreditar no que acontecia. Nos abraçamos e choramos muito, muito. E passamos a semana inteira assim e esse foi o maior legado: descobrimos que somos muito mais parceiros do que pensávamos.
Eu explico: nossa rotina é uma loucura justamente por não ter rotina. Acabamos nos rendendo a correria e esquecemos de olhar para o lado. E alí, na dor, todos nós passamos a nos ajudar, a nos olhar nos olhos, a dividir a dor e o trabalho. Era uma força tarefa para fazer um Jornal. Quando  terminava a gente sentava e chorava...respirava e partia pro próximo. 
Foi muito trabalho, mas foi muita equipe.

Alí, no meio de tudo aquilo comecei a ver a repercussão da tragédia: o mundo todo se pronunciando e chorando. A #forçachape viralizando... e o que foi aquela homenagem do Altético, em Medelin? Que lição eles nos deram...e tomara que tenhamos aprendido uns 20% com o que eles fizeram que foi monstruoso em bondade e solidariedade.
E aí você para e pensa: que força tem a Chapecoense!!!



É que a "Chape" como chamamos a Chapecoense, é um time grandioso. Eu e boa parte da redação sempre que falamos na Chape rola um suspiro: "Ahhh a Chape". Porque era um time sem estrelas milionárias, sem frescura e muito amor pelo futebol. Um time que cresceu graças a gestão eficiente da diretoria e a paixão de seus jogadores pela profissão. Nunca colocaram barreiras para a imprensa, sempre foram descomplicados, sem estrelismos. Eles mereciam estar onde estavam. E pelo visto o mundo todo sabia disso.
Aí soma-se um punhado de jornalistas gente boa. Uns caras iluminados. Nossos 5 colegas de empresa eram jovens, estavam também na melhor fase da carreira e todos estavam lá porque eram brilhantes no que faziam...e aí do nada "puft"...tudo acaba. Olha, até a gente entender tudo isso foi muito sofrimento.

No velório, na catedral, eu falei com alguns pais que nos deram uma lição de vida. Aqueles meninos só podiam ser iluminados mesmo porque a família de cada um deles é especial. Alí choramos muito mais uma vez, e parece que concretizou tudo o que vivemos.

Nossa redação não é mais a mesma, nos fortalecemos como equipe e colegas e sei que tem a energia deles em tudo isso.

Mas acima de tudo, acho que quem viveu de perto essa perda (e até de longe) percebeu o recado do universo: temos que mudar nossa energia. Temos que valorizar os encontros, os amigos, a vida. temos que diminuir o ódio e aumentar a compreensão. Falar menos e ouvir mais e principalmente AMAR mais.

Eu recebi muitas mensagens pelo Whats, no inbox do face, de pessoas próximas e de pessoas que nunca imaginei que se preocupariam comigo. E como foi importante ler cada uma delas...minha nossa...que valor tem esse olhar carinhoso.

Hoje, tô bem mais leve... e espero que muitas fichas ainda caiam para que eu melhore como ser humano. Obrigada meus queridos...em especial ao Djalma e ao Bruno com quem eu convivia, pelo aprendizado, pela força e por tudo que vcs fizeram aqui em vida. Pelos profissionais que vocês foram, pela paixão pelo jornalismo.
Obrigada!!!!

A nossa querida Chape vai virar uma potência porque continua com os pés no chão e futebol na alma e nós vamos estar lá, acompanhando tudo e eu torcendo muito.
O Atlético Nacional ganhou uma torcedora a mais e espero que mundo redescubra o verdadeiro significado de solidariedade!!!
Bora alimentar o "olhar carinhoso".