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domingo, 16 de abril de 2017

Novos Baianos em Floripa!



Quanta história estava ali no palco do Centro Sul ontem à noite!
Quanta história minha estava ali... revivi tanta coisa em mais de duas horas de show... impossível descrever tudo. Sentimento, muitas vezes, a gente não consegue traduzir nem dar a devida dimensão que ele tem!!!

 
Revivi minhas tardes e noites ouvindo música na salinha da casa da minha família em Concórdia e mais tarde no meu quarto, aqui em Floripa, no apartamento que dividia com meus irmãos.
Lá em Concórdia eu descobri aos 13, 14 anos o grupo A Cor do Som. Eles me fizeram gostar de música instrumental e principalmente: de música brasileira! Buscando saber a história daquele grupo de músicos baianos e cariocas fiquei sabendo que o Dadi já tinha feito parte de um grupo chamado Novos Baianos e que faziam parte desse grupo Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Moraes Moreira e Paulinho Boca de Cantor que já estavam em carreira solo. Lá fui eu comprar os trabalhos solo desses caras e descobri um mundo de música boa. Cheguei a um vinil de uma apresentação de Pepeu e Baby (casados na época) no festival de Montreux, na época uma consagração para um músico brasileiro. Nesse vinil tinha uma versão de Brasileirinho cantada pela Baby. Eu fiquei embasbacada, já com meus 15 anos, morando na capital e descobrindo que podia ver os artistas em shows, ali no palco. Ouvia aquela música no volume MIl em casa... emocionante, lindo demais. E lamentava: que pena não ter visto Novos Baianos juntos, ao vivo. E olha o que a vida faz!!! Me traz eles de volta, todos eles...juntinhos, lindos, mostrando que a música mantém a gente com alma de criança, de adolescente...e prá coroar tudo isso eles tocam "BRASILEIRNHOOOO" com a baby cantando divinamente... óbvio, chorei, voltei ao tempo e agradeci muito a esses caras por tudo que fizeram e fazem por nossa música!!!

Que aula de brasilidade!!!

Prá quem não conhece a história dos Novos Baianos: resumidamente,  eles se encontraram na Bahia em época de ditadura por aqui. Eram jovens que não compactuavam com aquela atrocidade que era o regime militar. Eram paz & amor & música! Faziam da música seu canal de protesto. E mais que isso: VIVIAM o que pregavam, por isso eram verdadeiros. 
Eles se conheceram em bares de Salvador e através de amigos. Em 1969 fizeram o espetáculo "O Desembarque dos Bichos Depois do Dilúvio Universal". Foi a primeira vez do grupo em um palco: O agrônomo Luiz Galvão, Paulinho Boca de Cantor que cantava em uma orquestra, Moraes Moreira que já cantava nas noites de Salvador, Baby Consuelo ( a carioca do grupo que conheceu a turma durante as férias em Salvador) e Pepeu Gomes! (Não sei se o Dadi já fazia parte)
Tom Zé, conheceu o grupo e como Moraes falou ontem "nos trouxe para o sul". Foram morar no Rio e moravam juntos, uma comunidade anárquica que funcionava muito bem e fez com que eles vivessem uma integração musical intensa. Dadi, que também já conhecia Pepeu já estava no grupo. 


No Rio, se mudaram para um sítio que chamaram de "Cantinho da Vovó" onde Baby e Pepeu  tiveram filhos e todos continuavam juntos numa moradia que respirava liberdade e música.  Foi ali que tiveram contato com  João Gilberto que ía visitar dos "malucos" e levou até eles o samba e a veia da música pura brasileira. Daí surgiram trabalhos históricos como o "ACABOU CHORARE" que dá titulo a essa turnê do reencontro.

Anos depois, Moraes saiu em carreira solo e aí o grupo apesar de ter continuado, foi perdendo a força. Desse grupo surgiram as carreiras solo de Galvão, Paulinho Boca de Cantor, Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Baby Consuelo e o Grupo A Cor do Som que era a base que acompanhava o Moraes em carreira solo.

Se espalharam como um polvo com seus vários tentáculos e alimentaram nossa música que foi além do País. Foi muita coisa boa pelos anos 70, 80 e 90. Músicas que nunca morrem porque são boas demais. Poesia pura como "Mistério do Planeta", "Preta Pretinha", entre tantas outras.
Quando vim morar em Floripa tive a oportunidade de ver shows de Pepeu, baby, Moraes e muitos shows da A Cor do Som para quem a gente (eu e um grupo de amigas) teve o prazer de fazer um jantar lindo, na época do disco "Magia tropical". Historias que já contei por aqui rsrsrs



No show "Acabou Chorare", eles fazem uma viagem aos anos 70.
A noite começa com um vídeo mostrando eles no sítio... jovens, com filhos pequenos e muita música e depois que cai a cortina...é só sonzeira!!!

Estão muito bem e reverenciam a presença de Galvão no palco. Ele já com limitações, mas com uma presença forte demais, recitando a poesia que sempre esteve presente neles.


Baby Consuelo é um capítulo à parte: brincalhona, cantando maravilhosamente, muito bem fisicamente e principalmente espiritualmente. Se divertiu muito no palco e nos divertiu também. O exemplo de mulher "empoderada" muito antes dessa palavra ser moda! Palmas pra ela: mais que discurso ela é prática!!! Sou fã Baby do Brasil.


E Moraes, Dadi, Pepeu, Paulinho, Didi, todos que estavam ali, uns monstros na arte de tocar.
O público retribuiu com palmas, gritos e com um coro lindo. Baby falou  "ver os filhos, netos de quem estava com a gente naquela época, aqui agora, é bom demais".

Foi lindo demais!!!!
E que bom que vivi pra ver isso.


Tenho que agradecer, como sempre agradeço, a Eveline Orth por acreditar, por investir, por ter a coragem de trazer espetáculos como este a Floripa!!! Eveline, és uma monstra. Te admiro demais e agradeço demais por nunca desistires!!!!!

Novos Baianos: obrigada por tudo, por tanta música, por continuarem aí, por valorizarem nossa arte, nossa poesia. Por mostrarem pra essa nova geração que MPB é rock, é baião, é essa mistura que faz a gente sair do conforto e dançar muito, por mostrarem que uma letra de música deve ser poesia, deve ter recado, deve fazer pensar e nos fazer melhores. Obrigada...obrigada e obrigada!!!!!

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